A Orientação Vocacional e Profissional é uma área técnico-científica que se debruça sobre uma perspetiva desenvolvimentista e dinâmica das escolhas individuais. Estas devem correlacionar um conhecimento aprofundado do Eu com as expectativas realistas e fundamentadas do sujeito, no que concerne à concretização de objetivos de vida valorizados no campo da realização académica e laboral.
O campo da Orientação Vocacional reveste-se de grande complexidade. Na medida em que se constitui como um processo globalizante, no qual é necessário considerar a díade interacionista Eu-Mundo, bem como as progressivas mutações inerentes ao mesmo.
Neste âmbito, é importante trabalhar no “território” que se localiza entre o Ser e o Fazer. O indivíduo deverá ser capaz de se perceber como uma “parte” integrante de um “todo”, como ser humano racional e corpóreo que é, e portador de uma identidade pessoal e cultural.
O Psicólogo na Orientação Vocacional
O técnico de Orientação Vocacional deverá estar ciente de todos estes processos. Tendo uma visão holística e um pensamento aberto, que lhe permita correlacionar e discernir quais as melhores teorias, técnicas e métodos a utilizar de acordo com a situação particular de Orientação Vocacional. É importante não só perceber o indivíduo na sua esfera pessoal, com todas as suas capacidades, aptidões, competências, desejos, gostos e aspirações. Mas também considerar, alertando e aconselhando o sujeito para o grau de viabilidade da sua escolha perante um mundo prático do trabalho. Para uma escolha consciente é fundamental obter informação clara e fidedigna sobre a realidade educativa, percursos e requisitos académicos. Bem como a exploração de saídas profissionais e opções de escolha flexibilizadas, adequadas à amplitude de perfil do individuo em orientação vocacional.
Do ponto de vista teórico é importante estabelecermos aqui uma diferenciação entre teorias de orientação e teorias do desenvolvimento vocacional. Podemos dizer que, as teorias do desenvolvimento vocacional devem estar na base das teorias de orientação. As primeiras preocupam-se, de acordo com uma perspectiva desenvolvimentista e globalizante do indivíduo, em descrever, explicar e prever a própria realidade. As teorias da orientação constituem uma base para a ação, e têm como objetivo a intervenção através da alteração da realidade.
Na consulta o objetivo do Psicólogo não é diagnosticar os atributos dos jovens/adultos para posteriormente aconselhar profissões adequadas, mas sim ajudá-los a trabalhar sobre as suas dúvidas, angústias e indecisões, em simultâneo com as perceções que aqueles possuem de si próprio e das opções em aberto, até se tornarem capazes de tomar as suas próprias decisões ajustadas. Não as melhores decisões mas as escolhas mais ajustadas, no âmbito do processo de desenvolvimento vocacional do indivíduo, através de uma concertação com as variáveis ecológicas contextuais.
As consultas destinam-se:
– A jovens ou adultos que em determinado momento do seu percurso académico ou profissional se depararam com dúvidas e indecisões sobre escolhas futuras de opção profissional ou reconversão. Em última análise considera-se sempre o processo de desenvolvimento e escolha ajustado para a manutenção do bem-estar, qualidade de vida e realização pessoal.
Como decorre o processo de orientação vocacional?
– Inicia-se com uma entrevista de orientação vocacional, a qual poderá envolver família e/ou outros agentes educativos. Esta entrevista inicial tem como propósito a obtenção de informação sobre o jovem/adulto e a evolução do seu trajeto educativo/profissional.
– As sessões posteriores (aproximadamente 4 sessões) permitem avaliar e explorar características e competências de forma à construção de um perfil vocacional do individual o mais completo possível. Este processo contempla a realização de provas formais e informais de avaliação psicológica. Em ultima análise expecta-se a escolha ajustada do sujeito de forma solida e consistente.
Susana Amaral – Psicóloga